todos os dias o mesmo. a correria. e as gentes. entro à pressa como sempre, no último minuto, antes das portas fecharem. sento-me no único lugar aparentemente vago e respiro fundo. passo tanto tempo nestas viagens até a um destino, destino-me tantas vezes a um lugar. e sinto-me em casa. há caras e lugares que nos fazem sentir assim.
aquele senhor a ler o jornal, deve ter uns 50 anos, sempre com aquele ar sério, sempre com aquela expressão, será que é feliz?...e depois a senhora idosa que vai sempre com o neto, um rapazito moreno e pequenino sempre a rir, tem um ar tão engraçado, hum gostava de ser assim de novo...e também o pedinte, que percorre todas as carruagens, pedindo dias melhores...às vezes dói-me cá dentro, outros dias apenas me conformo e respiro a passividade que me deixa descansar da rotina frenética e da tempestade em que vivo habitualmente. ali, as senhoras gordas que fazem crochet e rendas (já devem ter baús cheios) e trocam receitas culinárias logo pela manhã, e ali o jovem de ar doente, que será que tem?, parece-me triste.
pessoas. são pessoas. gentes e vidas que não se estranham.
eu, sou mais um por aqui, detendo-me nos instantes que mo permitem.
tantas vezes me pergunto, o que é feito de ti?
será que fazes parte dessa multidão que invade a minha carruagem?
quantas vezes me terei cruzado contigo?
domingo, novembro 20, 2005
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