sexta-feira, maio 29, 2009

dispensário

não conseguia parar. os livros espalhados eram obsoletos. as ideias saltitavam, fervendo os pensamentos. o conjunto dos sons era um ruído estranho e indigesto – pum pum as colheres de pau e os almofarizes tlim tlim os copos e os pratos pri pri chhh as tampas dos tachos… et voilá as especialidades. o gourmet, o clássico, o moderno, a fusão ou a cousine mondiale foram suprimidas pela originalidade. depois a inovação seria impossível. depois o caminho seria esse – por entre pratos até encontrar o lugar ideal para se manter viva, onde seria apreciada pela sua singularidade.

sentou-se e arrumou todas as ideias em frascos. o sucesso, a criatividade, a inteligência, os impulsos ficaram arrumados no fundo da dispensa. Apenas ficou pairando um persistente e agradável cheiro a maçã.

sexta-feira, maio 15, 2009

ensaio

depois de chegarmos
nada mais há para acontecer.
descansaremos apenas
no tempo que nos resta.

recordamos

assim ancorados nas memórias
que pensávamos existir em nós
vamos ensaiando a despedida,
àqueles outros que um dia fomos,

com tristeza.