sexta-feira, setembro 30, 2005

quero mais...

espero que um dia voltes,
talvez esteja já a acontecer
já me chega o calor
do teu abraço
que me envolve
que me aquece
que me conforta

mas quero mais:
quero o teu beijo que me vai amar.

onda poética: o amigo - Eugénio de Andrade

quinta-feira, setembro 29, 2005

bola de sabão

que bonita bola. parece um exemplo de perfeição. ficamos fascinados pela sua leveza e brilho e admiramos como cresce, cresce, tal balão de pastilha elástica. e num momento começa a envelhecer sem que nos apercebamos. num nanomomento desaparece...puff! já nem distinguimos os seus traços, a sua sombra, já não há aquela luz que nos parecia iluminar. há nada. nem o rasto prevalece. as suas cores e aquela sua magia de voar, terminou. tudo terminou. que éfemera que é a (tua) vida.
aqui estou eu, parecendo despedir-me de ti.

terça-feira, setembro 27, 2005

Pai Natal

Querido Pai Natal,
Sei que nesta altura do ano já estás bem atarefado e por isso não quis deixar esta carta para depois , para me certificar que ainda terás algum tempo para a ler.
Acho que o que tenho a pedir-te não é complicado. Eu sei que não tenho sido o exemplo que gostavas que fosse mas ainda assim tenho as minhas qualidades e procuro ser sempre corrigir os meus defeitos. (hás-de considerar isto qualquer coisa de bom)
Bem, o meu problema é o seguinte: de há uns tempos para cá que não consigo adormecer, tenho um peso na consciência que não desaparece. Aqueles a que chamo de amigos já não sabem sorrir genuinamente, estão profundamente tristes e a sentir-se perder a luta com a vida. Eu já tentei tudo com eles e também comigo(que estou na mesma situação), mas nada parece resultar. Tudo à nossa volta é cinzento. E como sabes essa cor não dá vontade de sorrir, só de ficar triste. Por isto gostava que nos desses umas caixinhas de sorrisos, uns pozinhos de alegria e umas gramas de felicidade, umas cores para as bochechas, uns brilhos de olhos, uns gramas de inocência e uns pós de sonhos e fantasia. Ah! E uma dose de magia com sabor a chocolate q.b. para que tudo resulte.
É claro que sei que vais ter muitos pedidos para a paz no mundo e para o fim da fome e tudo mais, e acredito que não seja tarefa fácil, e depois , todos os outros presentes que terás de distribuir. Mas por favor Pai Natal, não te esqueças, és a última esperança(esperamos que não nos desiludas porque sempre pudemos confiar em ti).

Um beijo de uma criança perdida num mundo de gente grande*

têm de existir espaços

Nunca pensei estar tão enganada. quando tudo acabou senti-me bem, parecia haver já alguma paz no meu corpo cansado de uma batalha quase interminável. sentia-me cheia de mim; senti-me capaz de enfrentar o mundo- o meu. e de repente, tudo se evapora. o que sentia tão real e verdadeiro não era mais que uma tentativa de em enganar a mim própria, com o que não fui.
deito-me a olhar as estrelas e as lágrimas fazem-nas tremeluzir. ficam tão bonitas assim. olho para a pintura e não consigo conter-me, perco o controlo e sinto-me cair num abismo, de onde o regresso não é conhecido.
estás na música, nos livros, nas coisas...no ar, no fogo, na água, na terra...estás em todo o lado. e é por todo o lado que me persegues. não me deixas encontrar a minha paz.
E PÁRA DE ME DIZER O QUE JÁ SEI! pára de me tentares convencer que o teu caminho é o que devo tomar. é verdade que gostava que voltasse a ser (melhor que?) como antes. mas não o devo fazer, pois sei à partida que só afundarei mais o barco onde navego desde que me conheço.
tenho saudades tuas. mas não devo dizê-lo. sim, porque sou eu que quero estar longe. não serás tu que ainda não te deste tempo para ouvir? e não serás tu que ainda não me abriste o teu coração? por isso não me compreendes. gostava tanto que um dia...
por favor gosta de mim. eu gosto. por favor fica comigo. eu fico, por agora. para que me queres? para amar? amar para mim é liberdade de ser e de gostar, de me inventar. é solidão sabias? é confiança. é paixão. é tanta coisa mais. sei que não é fácil amar-me. têm de existir espaços. e não se pode amar incondicionalmente, como dizes fazer, com limites e fronteiras. não pode.
é por isso que estou só.
porque acredito no amor.

domingo, setembro 25, 2005

o cheiro na memória

ainda recordo aquele cheiro, daquela flor, penso que era uma rosa que havia no terraço da minha avó, uma entre tantas. apanhei-a por que a achei tão bonita. roubei-a à sua família de rosas multicor sem ninguém dar por isso, piquei-me pois não reparei nos grandes espinhos do seu caule, a rosa era tão bonita que me pareceu inocente... cheirava tão bem...talvez por ter sido levada à escondidas, há asneiras que souberam bem. guardei a rosa, no minha casa improvisada, uma caixa de cartão deitada de lado, que servia de abrigo aos meus segredos de criança. deixa-a descansar no meu pequeno lar. quando regressei a rosa estava diferente, voltei a cheirá-la mas o cheiro agora era bem diferente. durante algum tempo me perguntei porque seria. a rosa era agora negra e tinha perdido o brilho de quando a colhi. quando percebi o que tinha feito, pedi desculpa à rosa e prometi a todas as flores do terraço que não lhes faria mal, mais por egoísmo que por outra coisa. quis guardar para sempre aquele cheiro naquele espaço. e aí ficou até que todas as flores desapareceram e apenas restou aquele cheiro encantador na minha memória.

não vais ficar?

"deixa a luz acesa para eu não ter medo. dá-me a tua mão para não me perder. ajuda-me a fechar os olhos dormir e sonhar e partir à descoberta do que se esconde na obscura escuridão da inconsciência. acaricia-me. diz-me. viaja comigo por aí. deixa-me, contigo, ter vontade de ser e ficar. torna-me na tua solitária rosa. deixeirai cair os meus espinhos. despe-me e deixa-me ficar assim-nua. tua. lua. (que diferença faz se estiver contigo?) vês o brilho das estrelas? iluminam o teu corpo. acendem-te por dentro.despe-te tu também.quero contemplar-te. quero ver os sentimentos do teu corpo. quero sentir-te. quero o teu abraço. quero-te. quero a paz que me conforta. quero que me ensines o carinho, como só tu poderás. quero que fiquemos. aqui. agora. chegou o momento. não me deixes morrer. ama-me."

(não sei porquê, nem bem quando, talvez um pedido de ajuda. junho 2005)

intro

1ª tentativa:
...

2ª tentativa:
bem, é sempre tão difícil começar a escrever...grrrrrrrrrrrr

3ª tentativa:
não percebo porque sempre isto me acontece. olho para a página em branco e sinto-me igual a ela - em branco também, nada me ocorre para dizer, apenas me apetece irritar com os inícios!os inícios nunca me saem bem. e porque será? no fim de contas o início, o meio e o fim são todos cúmplices, numa qualquer conspiração que ainda não descobri. implicam-se uns os outros e enchem-se de significados (in)úteis para me baralharem
acho que vou tentar, de novo, mais uma vez...

4ª, e por agora última tentativa:
sou um catavento à deriva, ainda não escolhi uma direcção. ainda espero que um dia apanhar um vento que me ensine a voar, ou que pelo menos me deixe ir com ele.

espiral, beliula, kelua, cherub_rocker, cavalo branco e kinhas, obrigada por me lembrarem quem sou e por me terem devolvido o meu bichinho da escrita (já tinha saudades!). sei que posso contar...
até já**