domingo, maio 07, 2006

o grande irmão

a cidade está deserta. o silêncio absorve qualquer som que começa a surgir. tudo está aparentemente calmo.
regressa a casa. abre a porta tentando evitar que alguém repare.
acende a televisão, o ecrã mantém-se desligado. experimenta o rádio, também este permance calado. senta-se no sofá e desfolha uma revista mas não se consegue concentrar. telefona aos amigos e o atendedor é o único a atender as chamadas.
vagueia pela casa, sem sentido. começa a ficar nervoso. precisa de beber qualquer coisa. a tensão paira no ar e aquela sensação não desaparece. vai até à cozinha. em cima do balcão estão duas facas (não se lembra de as ter deixado ali). olha de novo, e vê uma mancha acastanhada. aproxima-se - não há dúvida, é sangue. sente-se desfalecer. fecha os olhos e abre-os lentamente. o balcão está, afinal, imaculado.
já não aguenta mais. não sabe se estará a ficar louco. apressa-se a sair de novo. e tudo está como antes. caminha com passos largos, começa a correr pois sabe que alguém o persegue, de certeza que está a ser observado.
à sua frente desenha-se um olho gigante que o engole.

Sem comentários: