está já escuro. ao longe ouvem-se gritos guerreiros que o acordam. o cenário é sinistro. muitas árvores sem folhas. apesar da noite distingue os recortes dos ramos, encolhe-se dentro das roupas, com medo. as roupas que tem vestidas são estranhas. pertencem a outro tempo mas ao mesmo tempo aparentam uma certa modernidade que não lhe permitem dizer de que época são. não acredita em viagens no tempo. não sabe como foi ali parar. lembra-se vagamente de um museu. lembra-se de uma energia inegável de tão forte que se mantém agora na sua confusão.
os gritos parecem ser mais fortes, ao mesmo tempo parece ouvir sussurros atrás de um tronco robusto. quer investigar mas as pernas tremem-lhe. será que está mesmo noutro lugar? contudo alguns pormenores são-lhe familiares.
a custo rasteja para trás de um outro tronco e respira fundo. as vozes estão cada vez mais próximas. aproximam-se cavaleiros armados com lanças e com escudos. trazem tochas que iluminam aquele lugar. são cerca de dez. com eles vêm também uns vinte soldados. parecem discutir. talvez uma estratégia de ataque. não consegue perceber. pouco tempo depois são atacados por guerreiros que parecem estar deslocados de época, falam francês e vestem-se com as roupas do exercito francês no tempo de Napoleão.
deixa-se ficar escondido atrás da árvore. aparecem mais homens. ouve palavras em húngaro e alemão. alguns falam italiano. estes últimos parecem vir do inicio do século XIX. está cada vez mais aterrado. os homens gritam todos ao mesmo tempo. não se conseguem entender.
ninguém consegue encontrar o adversário certo. afinal estão todos do mesmo lado. mas em tempos diferentes. olham para as roupas uns dos outros e não encontram as armas equivalentes. uma lança e flechas, armas de fogo e guarda-chuvas que escondem setas envenenadas e livros não têm o mesmo peso. os homens olham-se boquiabertos. e ficam assim por muito tempo. sorriem e regressam ao castelo no cimo da colina. já é seguro regressar a casa. é seguro quando se fala em liberdade.
sai do esconderijo e tenta seguir os homens.
só se lembra de acordar dentro do castelo. está sozinho. levanta-se e sai pela porta que diz exit.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
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