o som dos fados chega-me arrastado.
recordo o dia da partida. um dia qualquer de Inverno que aconteceu sem se dar por isso.
vagueio pela cidade que não me conhece. procuro as ruas estreitas tentando encontrar o mistério que sempre mora nesses sítios e que me fazem recordar…
conto-te, cidade, apenas por estar só.
a distância que prolonga a ausência mata-me por dentro. a palavra regresso é vaga e indeterminada. às vezes nunca se regressa de onde se partiu. Outras fica-se prisioneiro de para onde se partiu. o espaço que tinha guardado para a saudade vai-se perdendo. é este frio gelado que me torna pedra e destrói cada pedaço de quem fui. o tempo leva ao esquecimento e a vida quer negar-se nessa inexistência de emoção.
o som da portuguesa guitarra desaparece a cada acorde, o sal das lágrimas sabe a mar – sabe a saudade.
onda sonora: chuva - mariza
segunda-feira, março 12, 2007
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2 comentários:
tenho saudade do que escreves Bee*
Mostravas-me sempre a partir de ti...um pouco de mim*
Saudade é um som que contém em si todos os meandros de transição: seja ela a partida ou a chegada em nós.
gostei ;)
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