quinta-feira, abril 13, 2006

conversas paralelas

- hoje, tenho muitos mais anos que tu. tenho até muitos mais anos do que tinha quando tu nasceste. pode parecer disparatado, mas quero dizer-te que tenho vivido exponencialmente, tudo o que vivi poderiam ter sido muitos mas muitos mais anos por isso te peço que sejas apenas um pouco diferente, que te comportes de outra forma, que repenses os teus objectivos – pois sei que serás mais feliz, porque sei que estás a cometer erros que poderás não poder reparar.
- ouço-te, rapidamente perdes a paciência quando temos de falar. e é raro que o teu discurso seja para mim – é sempre para o alguém que tu não foste. é raro que essas palavras sejam para me proteger. essas palavras são os rumos que gostarias de ter escolhido para ti. compreendo-te, talvez um dia também eu seja assim, mesmo que hoje me pareça impossível. infelizmente eu sou apenas eu e não posso realizar nenhum dos teus desejos- a não ser que neles contemples a minha felicidade. os meus projectos são tantos que provavelmente não os realizarei a todos, talvez nem um deles, mas ao menos deixa-me sonhar que um dia irei conseguir.
- sei que antigamente tudo era diferente. a vida era outra. as exigências também. as vezes penso que até os sentimentos eram outros. estou cansada desta vida, destas rotinas. mas há muito tempo que sabia que seria assim. vejo em ti, uma força que não é minha. és parecida – nessa rebeldia, nessa atitude, nessa ideias, nessa personalidade forte, mas não comigo. entendo-te mas... o que vão pensar? às vezes gostava que fosses como-toda-a-gente... pergunto-me muitas vezes o que terei feito de errado contigo.
- quando estou contigo sinto sempre que nos expressamos em línguas diferentes, nem eu nem tu nos encontramos. tu conversas contigo e eu comigo, numa conversa paralela em que apenas ouvimos a nossa própria voz. gostava de ser mais paciente contigo, gostava de te dar o espaço que também tu precisas...
gostava que me deixasses cair, deixasses errar, deixasses ser infeliz, assim com tudo a que temos direito. às vezes, sinto que gostava de ser parte dessa igualdade, para te ver sorrir, para eu sorrir, na pacificidade dessa escolha.
desculpa mas nunca sou capaz.

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