no dia do meu aniversário,
o espelho quebrado ao fundo do corredor, ausente da magia antiga, mostrar-me-á a cara de menina que nunca me abandonou. a infância já perdida há tanto tempo não voltará mais.
no dia do meu aniversário,
é apenas mais óbvio que há poemas que têm razão - hoje apenas duro e somam-se-me dias. amanhã, terá passado mais um dia em me senti vazia de mim mesmo. mais um dia em procurei vestir uma pele que nunca me serviu - o vestido preto está cada vez mais gasto.
no dia do meu aniversário,
sei apenas que perdi um dia em que poderia ter vivido. nada mais aconteceu. e que diferença fez? a mim, nenhuma, aos outros, nenhuma também. nunca senti, não me senti nunca. nunca alcancei o que um dia sonhei. hoje os sonhos já não me assaltam e ao menos consigo respirar.
no dia do meu aniversário,
quero estar sozinha. quero perder assim sozinha. quero esperar pelo nada que sei que chegará em breve.
no dia do meu aniversário,
todos se vestiram de negro. para me sorrir (talvez para me dizerem adeus, quem sabe?).
permaneço de pé, de olhos fechados (talvez ainda procurando qualquer coisa que me resista), espero pelo meu próximo aniversário, a que provavelmente já não assistirei.
onda poética: aniversário - álvaro de campos
domingo, maio 14, 2006
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1 comentário:
adorei!
bj
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