admira-me ainda hoje como tempo me deixou.
hoje dizem que já sou uma pessoa adulta. já não estudo unicamente mas também trabalho e recebo dinheiro por isso. umas vezes sorrio porque gosto do que fiz, outras inunda-me a revolta por ir contra mim na escolha que não foi escolha de um emprego que não se encontra com o desejo.
a vida faz-se de casa para o emprego. os colegas falam dos filhos e do dia do seu casamento. sinto-me num livro de escrita e sentimentos light, mas também quem sou eu para julgar as vidas que se cruzaram comigo?
as pessoas morrem à minha frente sem piedade. e ali fico a vê-las deixarem uma vida de que há muito já desistiram. sinto-me inexperiente e impotente perante tudo.
quero voltar. quero voltar para o passado mas ao mesmo tempo tenho os pés num sítio que me parece um futuro longínquo. os meus pensamentos ocupam-se sobre que frigorifíco será mais eficiente e mais barato, sinto-me vulgar.
quase esmoreceu a vivência mais ou menos feliz dos dias. em que os sonhos me enchiam as ideias e este futuro era ainda mais distante.
luto diariamente para que seja diferente. mas sinto-me ser a pessoa que morre todos os dias um pouco mais, já sem esperança e capacidade de lutar contra "isto" que não quero e que me metastiza o corpo e alma como um tumor maligno e destrói toda aquela poesia.
quarta-feira, fevereiro 20, 2008
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