tem aquele amargo na boca, aquela náusea insinuada. dentro de segundos entrará no modo caos: não saberá onde ir, não saberá como apresentar a sua face, não saberá como entoar as palavras, tornar-se-á maquinal. nada lhe poderá ser apontado. está agora num vazio apático e colossal.
prossegue através do cinzento dos prédios fugindo daquela que é a sua natureza, simples, pura, romântica, cheia de vida. o fumo sufoca-a. o ruído ensurdece-a. a língua enrola-se para a emudecer.
tenta agora resistir, vá, resiste. a época dourada e cintilante tem o seu fim, não sabias? ninguém pode viver nessa felicidadezinha insuportável. és uma farsa de vontade e de sonhos. surpreende-me como ainda te sobra uma réstia de crença, essa fé que tens de que amanhã serás. irrita-me essa tua esperança cega. quero agora que experimentes a distância, a amargura, a tristeza profunda. alimenta-te dessa revolta. enche-te de desamor. amanhã falaremos e tudo te será óbvio. finalmente saborearei a tua derrota e provarei a tua vulgaridade.
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