segunda-feira, março 20, 2006

carta

sei que o dia de nos encontrarmos chegará em breve. apesar de te ir conhecendo, tenho um medo terrível de me desiludir. o futuro tem-me dado algumas pistas, todas elas assustadoras. sei que és única. mas ainda não encontrei o que há de bom nessa exclusividade. por vezes sinto que estás a fugir-me, que caminhas para um abismo onde te queres refugiar do mundo. e a mim? o que me resta? só perder. derrotar-me e derrotar-te.
às vezes penso que a tua dor foi mais forte que tu. a sensibilidade madura, a inteligência relacional e dos sentimentos, que te definiam converteu-se agora numa frieza cadavérica – nada te choca, nada te move, nada te emociona. já poderias ser uma massa inerte e, no entanto, pareces ficar satisfeita. decerto que algo está a acontecer. só assim posso justificar essa tua passividade.
a única coisa que me descansa é o brilho dos teus olhos – ainda te restas. mesmo assim não consigo deixar de temer por ti. és a âncora de todos. e tu?, o teu porto parece estar distante e a tempestade aproxima-se. tenho esperança num sol por entre as nuvens.

encontrar-me-ei comigo no futuro próximo. as incertezas desaparecerão pela impossibilidade de coexistirem com a verdade de mim. a originalidade provavelmente não terá hipótese contra a necessidade imperativa de sobrevivência que dita a igualdade. pergunto-me se cederei à loucura de seguir o caminho que desejo. e cá dentro há um medo brutal de falhar o alvo, de voltar à indiferença. sossega-me saber que o abrigo desta vez é mais seguro, apenas um pouco mais.

2 comentários:

Anónimo disse...

Cada vez mais me revejo no que escreves.Começa a ser sistemático.Começa a ser real,parece que entro na tua pele, e sei o que sentes, mesmo estando tu longe de mim.Será que está realmente a acontecer algo?Ou simplesmente a âncora está no porto.Muito quieta.Muito fria.Apanhando com a maresia, à espera de um barco que a leva sempre ao mesmo destino.


Parece-me que ficamos ligados por este espaço.Um Cavalo.Um Catavento.Começo a ansiar pelos próximos escritos.Para ver até onde és capaz de ir.Vais, por certo, até onde quiseres.E vais, por certo,até onde deves ir.Porque já nao sei viver sem os teus escritos.

beijo.

catavento disse...

só posso sorrir =)
a solidão nem sempre é fácil e as tuas palavras não me deixam abandonar-me.
obrigado, cavalo branco*